Hoje
li o poema de um amigo, que me deixou planando em lembranças de amores
idos, amores guardados, amores esquecidos. Amores amordaçados. O amor é
mesmo um sentimento controverso, motor de rimas bonitas, lindos sonetos
sonoros versos.
O amor chega descortinando o olhar, abrindo as
portas, arejando a alma, iluminando o riso, tirando tudo do lugar.
Chega varrendo toda a poeira acumulada na alma, vale dizer que a poeira se acumulou desde que o último amor se foi. Paradoxal.
O amor chega colorindo a gente, amor é sentir-se parte do arco íris, é
pintar de carmim tua paixão tua libido, (Cinzetudes? Só depois, quando
for a hora da ressaca sentimental).
Ele chega "causando" num
dia qualquer sem hora marcada, sem bater na porta (é seu costume ser
invasivo). Chega....e te paga sem batom, de cabelo molhado, jeans
surrado, no meio de uma tarde qualquer de março, na fila do
supermercado. E nesse momento já sabes que o melhor e o pior ainda
estão por vir, nessa mesma ordem, mas isso não importa. Nada importa,
nem mesmo a dilacerante dor que já está fazendo reserva em você, saí
um entra outro. Mas essa dor é assunto pro teu analista ou para uma
outra crônica. Essa se propõem a falar só do amor, de quando ele chega e
como nos joga pra cima das nuvens nos deixando vulneráveis, porém
confortavelmente felizes.
E como é bom amar, amar é mar que
vem de dentro, vem em ondas fortes derrubando e afogando toda a
sensatez e coerência que molda o indivíduo. Amar é comer bolo de
chocolate com cobertura mega calórica e se lambuzar toda sem nenhum
remorso pela dieta perdida, amar é a plenitude antes de tudo. Amar é
sentir borboletinhas voando no estômago; amar é sentir que tem pra onde
voltar, é porto seguro, cais. Amar é lisérgico. Amar é tanta coisa que
me perco na sua definição, define melhor quem define com o coração. Amar
é desordem emocional, pensamento em sintonia coisa e tal, essas
bobeiras que a gente pensa quando está em estado de graça. Amar é mais
ou menos isso. Tudo o que vem depois é intimidade conquistada. Tudo que
vem depois se não for ressaca, é marasmo. O que vem depois é o medo.
Medo de não amar mais, medo de amar de novo, medo de admitir a falta de
amor.
É medo. Tudo que vem depois das borboletinhas estomacais, assume outros tons, outras notas. Tudo que vem depois tem licença.
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