Poemas participantes da enquete ( Em teste )

21 de janeiro de 2015

Antagônico


Antagônico

Cansei das coisas sutis
das suposições
de cálculos e gráficos
Cansei das previsões
dos prognósticos e horóscopos.
Sou planadora...
gosto de riscos,dos improvisos,
explosões, erupções e espasmos,
ímpetos e súbitos
Devolvo-te a sensatez
Ela não se encaixa na minha lucidez embriagante
Guarde-a com suas conjugações perfeitas
e seus modos ensaiados.
Ou engavete-a com as certezas que possui
Que comigo carrego os rompantes que recusastes.

20 de janeiro de 2015

Um Sorriso na Noite



Um Sorriso na Noite

Meti a cara na janela
e dei de cara com ela.
Estava lá, no céu.
Um semi círculo brilhando
no meio da noite,
Separando dois arranha-céus
Disfarçada de sorriso...

19 de janeiro de 2015

Amor Instantâneo


A gente pode fingir que se ama
Ler um poema de Leminski
desarrumar lençóis
E fazer durar esse amor
mais que uma semana

11 de janeiro de 2015

Adeus

 Seria bom poder voltar os ponteiros do relógio, voltar os meses no calendário e diminuir a dor do coração apertado, esmagado, espremido pela partida. Seria bom ter marcado um café com você ou ter escutado tua voz, ainda que do outro lado da linha. Seria bom se a vida nos desse a chance da despedida, a chance dos arrependimentos a tempo. 

A morte é uma das poucas certezas da vida, e mesmo sendo do nosso conhecimento que há uma partida sem data marcada, sempre deixamos “pra depois”, “pra mais tarde”, “pra qualquer dia”...
A vida é um trem veloz, com uma única parada. Não se atrase. Não peça mais cinco minutinhos, porque, mais cinco minutinhos não há. 
E depois, no meio e, por tanta dor e ausência, vão surgindo, brotando sentimentos às vezes inconfessáveis, indeléveis mesclas de saudade, egoísmo e arrependimento. 
Se não tivemos tempo para o adeus, é sinal que e outros “tempos” perdemos também.

9 de abril de 2014

Tempo que Mingua



Estava sentada sozinha, no canto da sorveteria esperando alguém que já estava atrasado e ainda demoraria alguns... meia hora para chegar
Gosto de estar sozinha, não de ficar esperando, mas de ficar sozinha.
Meus pensamentos transitam livres em mão dupla, vão e vem sem compromissos ou necessidade de explicações (porquê tem coisas que não se explica). Engraçado, mas para mim estar sozinha não é problema, nem nunca foi.  Ficar só,  é prazeroso e fundamental. 
Fiquei por ali, vendo o entra e sai das pessoas, algumas com seus filhotes recém saídos das salas de aula, ainda suados e em comemoração por ser fim de tarde,  agitados correndo e gritando,  pulando e caindo, e a mãe implorando inutilmente  para que se comportassem. Fiquei por ali, vendo e lembrando como é gostosa essa fase, lembrando de quando era eu a gritar e correr e minha mãe olhando de canto de olho, olhar já gritando e quando os papéis de inverteram e era eu a revirar os olhos na esperança de minha mada filha captar a mensagem "STOP THAT ". 
Tanto olhei que de repente uma das crianças parou na minha frente me olhou nos olhos e tive a sensação que ela estava me lendo, fiquei envergonhada, alguém poderia achar que sou uma maluca ou pior ainda  uma criminosa dessas que sequestram criancinhas recém saídas da escola.
Sacudi o cabelo, ajeitei minha bolsa, olhei o celular, me livrei dessa lembrança pueril. Mas continuei ali sentada, dando corda ao pensamento ( como se precisasse ).
Lembrei da minha filha quando bebê, quando eu não a deixava aprender andar  por ter medo de não conseguir protegê-la de uma queda terrível que sempre acontecia na minha cabeça de mãe inexperiente e superprotetora.
Fui desfiando um rosário de lembranças, a formatura da Alfabetização, a primeira janelinha - dá pra entender o porquê da felicidade de alguém que perde um dente? Só uma criança mesmo pra sentir a felicidade na forma mais pura. 
O fim a quarta série foi para ela,  como uma promoção a "presidente da empresa", não se cansava de me dizer: " mãe, já estou na quinta".
E o tempo vai passando, correndo, voando, minguando, sumindo, diminuindo... sendo menos, cada vez menos tempo.
Antigamente os dias eram feitos de longas 24 horas, mas  de uns tempos pra cá, eles tem vinte e quatro horas curtas, alguém diminuiu o tamanho das horas e não avisou. Algum ladrão de tempo, será???

Minha amiga já estava mais de 40 minutos atrasada, a essa altura eu já não me importava mais se ela viria ou não. Me deixei levar...lembrar... sonhar... sentir saudades... essas coisas de gente que sonha acordada.

6 de abril de 2014

Conclusões



“Alguns amores são feitos para ficarem quietos dentro da gente. Ou porque não encontramos o outro no momento certo, ou porque juntos, o amor seria qualquer coisa menos amor!
Talvez algumas histórias não devam mesmo ser escritas, pois são mais belas e coloridas na imaginação de seus autores”.

Livros



Preciso sempre de algum tempo pra voltar pra mim, depois de fechar um livro que me sequest
Vira-se a última página. Fecha-se o livro e ponto final.
Ponto final nada...

Para certos livros não há ponto final. Apenas reticências esperando a próxima edição, ou um "capítulo complementar", explicativo ou ....apenas continuação, uma vez que nem tudo se explica.

Por outro lado, certas histórias merecem uma escrita diferente da original ou pelo menos uma adpatção... talvez não.
Talvez algumas histórias não devam mesmo ser escritas, pois são mais belas e coloridas na imaginação de seus autores.
Aí fica mesmo a critério de cada um.

Para o livro que fechei agora, vou fazer uso do direito ao tempo de acomodação interna, e vou esperar a resenha, a adaptção, o capítulo complementar, a próxima edição e tudo que ele me permitir.
rou. Acho que todos precisamos de um tempinho pra digerir e acomodar as páginas dentro da gente, né?

Estado de Mim

Estado de Mim

Encontro-me ácida
ou cítrica, cínica, sarcástica.
Encontro-me louca
no teu silêncio sibilante
do teu barulho mudo
pungente / pulsante
meio resto, meio nada.
Encontro-me assim,
Insana e envenenada
pela saliva trocada
na boca molhada
E para justificar tanta loucura
Escrevo versos imundos
pedaços arrancados
das linhas da história
mal contada sem fim
sem meio, sem nada

A Certeza de Belos Poemas



Se alguns grandes amores não deram certo, no mínimo deixaram a inspiração para um belo poema!!!

2 de março de 2014

O Poema Que Não Vem

Nada importa,
Nem as carruagens
Nem as luas cheias;
Muito menos as que minguam
enquanto ladram as cadelas da rua no cio
Nada importa quando
não é estranho o estranho no espelho
Expelindo palavras cuidadosamente esculpidas 
cuspidas de sua garganta arranhada 
pelo poema de amor que não veio

18 de fevereiro de 2014

Chuva na Janela

Vai chover.
Gosto de dias de chuva, dias assim são introspectivos, movimentam o pensamento e isso nada tem a ver com tristeza ou desgosto, antes tem a ver com a voz rouca do blues arranhado de Joplin , tem a ver com a escrita que instiga, cerca e revive a alma. Para mim, dias de chuva tem a ver com mansidão e café fumegante ( algumas vezes com cama desarrumada)
Dias de chuva parecem ter sido feitos para o poeta e seu olhar minucioso sobre a vida, como Charles Bukowski (pensando bem, esse é para dias de tempestade).
Hoje amanheceu chuva em mim, e quando o céu ficou cinzento não era dor nem melancolia, mas um estado de torpor que atira o pensamento tão longe que fica difícil distinguir palavras que vem de dentro das que nos chamam de volta. Gosto de momentos assim, gosto de dias de chuva, e gosto da chuva que há em mim. Gosto de gastar minhas horas, desenhando com a ponta dos dedos na janela embaçada, para depois limpar o vidro com a manga da minha camisa e voltar a soltar meu hálito morno sobre a vidraça, e meus dedos voltam a correr a janela, enquanto meu olhar vagueia buscando outras lembranças.

14 de fevereiro de 2014

Quando Ele Chega


Hoje li o poema de um amigo, que me deixou planando em lembranças de amores idos, amores guardados, amores esquecidos. Amores amordaçados. O amor é mesmo um sentimento controverso, motor de rimas bonitas, lindos sonetos sonoros versos. 

O amor chega descortinando o olhar, abrindo as portas, arejando a alma, iluminando o riso, tirando tudo do lugar. Chega varrendo toda a poeira acumulada na alma, vale dizer que a poeira se acumulou desde que o último amor se foi. Paradoxal. 


O amor chega colorindo a gente, amor é sentir-se parte do arco íris, é pintar de carmim tua paixão tua libido, (Cinzetudes? Só depois, quando for a hora da ressaca sentimental).

Ele chega "causando" num dia qualquer sem hora marcada, sem bater na porta (é seu costume ser invasivo). Chega....e te paga sem batom, de cabelo molhado, jeans surrado, no meio de uma tarde qualquer de março, na fila do supermercado. E nesse momento já sabes que o melhor e o pior ainda estão por vir, nessa mesma ordem, mas isso não importa. Nada importa, nem mesmo a dilacerante dor que já está fazendo reserva em você, saí um entra outro. Mas essa dor é assunto pro teu analista ou para uma outra crônica. Essa se propõem a falar só do amor, de quando ele chega e como nos joga pra cima das nuvens nos deixando vulneráveis, porém confortavelmente felizes.

E como é bom amar, amar é mar que vem de dentro, vem em ondas fortes derrubando e afogando toda a sensatez e coerência que molda o indivíduo. Amar é comer bolo de chocolate com cobertura mega calórica e se lambuzar toda sem nenhum remorso pela dieta perdida, amar é a plenitude antes de tudo. Amar é sentir borboletinhas voando no estômago; amar é sentir que tem pra onde voltar, é porto seguro, cais. Amar é lisérgico. Amar é tanta coisa que me perco na sua definição, define melhor quem define com o coração. Amar é desordem emocional, pensamento em sintonia coisa e tal, essas bobeiras que a gente pensa quando está em estado de graça. Amar é mais ou menos isso. Tudo o que vem depois é intimidade conquistada. Tudo que vem depois se não for ressaca, é marasmo. O que vem depois é o medo. Medo de não amar mais, medo de amar de novo, medo de admitir a falta de amor.

É medo. Tudo que vem depois das borboletinhas estomacais, assume outros tons, outras notas. Tudo que vem depois tem licença.


Tato

No escuro tateia
Tato, olfato
tua teia
tateia   
Busca, traça, confere 
curva, pele, veia.
Se abrasa,  se expõe, se explora
deliciosamente se incendeia
exala, transpira, transborda, 
Extravagante alquimia
de lábios e línguas
Em ferventes devaneios.

20 de dezembro de 2013

Miragem


No pensamento distante
ausente de ti, sou eu.
Sou eu na tua estante,
teu sentimento inadequado e mutante
Sou eu a tua sede... a tua fome
A insônia que te consome.
Tua janela aberta sou eu.
Sou eu à tua margem,
Loucura, insanidade.
Sou teu segredo, 
Teu encanto, teu medo.
Sou eu a tua impaciência,
tua  ignorância e imprudência.
Sou eu na tua rima,
Esgueirando-se pela tua cama, sou eu
Nas tuas incertezas e brevidades.
 Sou eu nos teus insultos.
A tua culpa e desculpa.
O teu desejo desnudo, 
Tua vontade crua, teu absurdo
Sou eu a tua miragem.


19 de dezembro de 2013

Sobre as Manias


Todos temos nossas manias, nossas esquisitices,  nossos surtos de alguma coisa em algum momento. 
Tem gente que tem mania de grandeza, outros tem mania de roer unhas, alguns tem mania de começar coleções ou álbuns de figurinhas  e nunca terminar. 
Conheço gente que tem mania de ter mania e de tempos em tempos alterna suas manias com outras mais estranhas ainda.
Tem gente que tem mania de amar e  ser generoso,  em contrapartida tem gente que tem mania de desamor, desamor à tudo (acho que essa mania também pode ser chamada de amargura).
Quando eu era criança tinha mania de ruminar. Ruminar o meu futuro. Sentava na varanda da casa grande de Lady Laura e ruminava horas a fio...Ruminar o futuro é um passatempo constante, também chamado de sonhar. 
Ruminar o tempo futuro é ato promissor, ruminar o passado é saudade. Ruminar aquilo que não é, e nem será,  é desperdício de tempo.
Com o passar dos anos, substituí a mania de ruminar pela mania de viver, e inevitavelmente adquiri novas e perdi velhas manias.
Hoje, já consegui deixar de lado a mania de roer as unhas, mas ainda me acompanha a mania de amar demais, de amar aos montes e muito (mania também conhecida como: doar-se).
Hoje tenho mania de banho de chuva... mania de correr para a porta de casa no comecinho da noite pra ver a lua grande, sorrindo no céu. 
Nunca perdi a  mania de acreditar, acredito nas pessoas. 
Tenho também a mania de esconder meus defeitos ( segredo).
Tenho mania de escolher uma música para tocar no meu carro ininterruptamente, e falar sozinha quando algo me aflige.
Tenho mania de ler dois livros ao mesmo tempo,  me perder e voltar várias vezes. 
Tenho mania de perdoar...Mania de começar a dieta todas as segundas feiras, e também a mania de desistir da dieta nas terças.
E esse texto é uma prova da  maior das minhas manias, a mania de derramar-me em linhas, projetar-me no papel, pra ver se cura a mania de doer.

14 de dezembro de 2013

Sobre a Vida

A vida tem dessas coisas, é isso que dizemos quando não temos explicação para alguma coisa. Daí vamos logo inventando uma frase cheia de insignificância para explicar o que não tem significado, ou tem e não aceitamos. E o "não aceitar " é tão vasto nesse caso. 
A vida tem coisas que não deveria ter. A vida tem choro sem vela e grandes felicidades ilícitas, quase contrabandeadas.
A vida tem monstros dentro de armários, que mesmo trancados a muitas chaves, nos amedrontam.
A vida tem borboletas azuis que voam  alto, mas tão alto, que jamais poderemos tocá-las. Felizes daqueles que conseguem vê-las ainda que rapidamente.
É... a vida tem dessas coisas, coisas que não entendemos, sabores que não gostamos,  lições que não assimilamos simplesmente por não enxergá-las, por não reconhecê-las, lições camufladas, escondidas por trás de alguma dor.
A vida tem diagnósticos com prognósticos desfavoráveis. Tem resultados positivos que deveriam ser chamados de negativos por serem  menos do que a vida oferece e por serem mais do que a gente pode aguentar e quer aguentar.
A vida tem coisas que cansam e machucam, mas também tem noites de verão, tem chuva na janela, tem poesia...tem gargalhada sonora, contagiante, gostosa.
A vida tem dessas coisas. Tem gente que pensa...pensa....pensa... e morre pensando em ser feliz.  Tem gente que não pensa antes de agir, e tem outros que não agem quando pensam (  Isso me fez lembrar "O Mundo de Sofia", que li ano passado). 
Não posso deixar de mencionar as bolhas de sabão que encontramos durante a vida, lindas, leves, efêmeras,  iridescente brincam com o olhar da gente, nos hipnotizam, mas de um segundo ao outro deixam vazio o lugar que flutuavam. Sobrevoam ao sabor do vento e morrem na sua liberdade. Bolhas de sabão são livres, incontroláveis mas não são rebeldes, mantém sua graça, sua delicadeza até o fim.
A vida nos oferece amigos que estarão com a gente nos diagnósticos e prognósticos, e às vezes ela é generosa,  é preciso receber  e reconhecer tudo que ela nos oferece;  por que na vida tem coisas que a gente ama, coisas que a gente não ama, coisas que a gente não quer amar mas ama, e coisas que a gente quer amar mas não pode. Tem de tudo um pouco. E pouco é o tempo que temos para entendê-la.
 Lute a boa batalha, tenho certeza que a vida estará sempre ao seu lado.

30 de novembro de 2013

Infância Sem Fim

Ainda lembro da infância,
dos pés descalços marcando a terra vermelha
 do capim na beira da estrada.
Lembro dos sonhos  da criança que 
queria sair pra ver o mundo. 
Das Pipas colorindo o céu.
 Brincadeira de menino, 
que menina quer brincar.
Ainda lembro... 
riacho, córrego, rio.
Fotografias na varanda, 
crianças, crianças, crianças.
Desbotadas lembranças
Do azul colorido do céu de Colorado.
Lembro da vizinha do lado
Com cara de encruada, 
que  amargurada vivia a resmungar,
qualquer coisa era desagrado.
Me enrolo nessas embaçadas lembranças
Avulsas alegrias.
Saudade sem fim da infância remota.
Na tela pintada outrora
Jardim perfumado
Grama japonesa
Flamboyant florado.
A saudade remonta a infância em mim.
A longa estrada de poeira vermelha
Os caminhos esquecidos
 A antiga canção de ninar.
E no caminho de volta,
 renasço de cada memória surgida.


25 de novembro de 2013

Saberás Que é Amor

Saberás que é amor
Sem necessidade de palavras ou explicações 
Sem informações desnecessárias
Saberás...somente.
Saberás pelo olhar distante meio ausente, 
Olhar  planador,  experimentador 
de pousos inconsequentes.
Saberás apenas
 Saberás,  quando ouvires 
O nome de teu amor
E os  teus lábios traiçoeiros 
Deslizarem num sorriso malicioso, 
Saberás que é amor quando tua tez queimar
No vermelho quente da paixão.
Saberás que é amor simplesmente,
Por que nos versos da tua poesia
Esgueirar-se-á o flerte de um bem querer escondido
Saberás apenas, meu querido.
Saberás que é amor 
Por que em teu peito 
Os movimentos serão descompassados
Sem ritmos e acelerados.
Se é amor saberás.
Não haverá dúvidas
Do princípio e ao fim saberás
Que é amor.
Que é amor
Que é amor


3 de novembro de 2013

Analua




Analua tinha qualquer coisa entre 20 e 30 anos. Impossível precisar, pois seu rosto tinha sempre a mesma expressão de nada.
Era a pessoa mais certinha da qual já se ouviu falar  e a mais sem graça também. Estava sempre de acordo com o relógio, que aliás era sempre pontualíssimo tal qual chá das cinco na Inglaterra.

Analua acordava  todos os dias pontualmente no mesmo horário, abria os olhos, sentava-se à beira da cama e num gesto automático calçava os chinelos que já haviam dormido na posição de serem calçados na manhã seguinte. Tudo na vida de Analua era calculado, programado como se houvessem fórmulas matemáticas para tudo. Ela não gostava de surpresas, não admitia sustos, não conhecia riscos e não se permitia ter dúvidas - "Assim a vida fica mais fácil" - dizia ela mecanicamente quando questionada sobre o assunto.

Analua, não era feia e nem era burra, só era... automática demais.

Comprava todos os dias a mesma quantidade do mesmo pão na mesma padaria no mesmo horário, em casa tomava seu café com leite morno sem atraso nem antecipação.
Devidamente vestida e penteada dizia:  "até meio dia"!  E lá ia Analua caminhando pela rua sem pressa alguma, pois estava no tempo previsto.
E assim Analua ia vivendo na garantia que não teria com o que se preocupar, tudo estava a contento,  nada precisava mudar. Ela sabia de seus dias de cor e salteado. Até que um dia...Analua conheceu a poesia.

Foi num desses dias uniformizados, pintados de uma cor só, durante sua rotineira ida à padaria.
Analua percebeu voar, carregado pelo vento, alguns papéis que pareciam dançar soltos no céu. Planavam  de um lado para o outro  tão docemente que seus olhos não conseguiam parar de olhar...Num gesto instintivo, levantou a mão e esticou-se toda... pontinha do pé, e agarrou uma das folhas contrariando assim, tudo aquilo que ela prezava e fazia questão de preservar, o previsível.

Olhou as letrinhas desenhadas no papel voador e...

...Analua leu baixinho:

" A COMEÇAR PELO AMOR

Se nos entregássemos
às boas coisas que
o coração pede
a começar pelo Amor
de tanta felicidade talvez
o sol voltasse a girar
ao redor da terra "

 

Barros Sobrinho





Analua, havia feito algo que não planejara com antecedência e nem medira os riscos... E nada mais restava-lhe senão,  viver as consequências.
Nesse momento então, alguma coisa aconteceu. 
Nem ela nem ninguém soube explicar, mas Analua não era mais a mesma. 

Atrasava-se todas as manhãs pois levava horas se arrumando...Dormia tarde todas as noites, lendo  Hilda Hilst. Ouvia música alto  e às vezes dançava sem música. 
Analua agora pintava a boca, e adorava sentir o frio a grama ou a terra em seus pés (uma vez chegou a perder os próprios sapatos). 

Ela passara  a viver num mundo de desordem emocional e caos amoroso.  Amava o poeta que não conhecia, amava-o através de sua poesia. E jamais iria conhecer, não sabia quem era, nem onde morava nem para quem ele poetava.

Analua então, decidiu mudar seu nome. À partir daquele momento seria apenas LUA, aquela que mantém um caso de amor com todos os poetas.
E em noites de lua cheia, ela brilharia no céu para inspirar o seu amor.







PS.: A COMEÇAR PELO AMOR - autoria -  Barros Sobrinho

28 de outubro de 2013

É Muito Amor!!!


Toda viagem tem figurinha única. E essa não poderia ser diferente.

Já passava das 22:00, o ônibus estava  atrasado,  e eu apesar de cansada me mantinha alerta a tudo que acontecia ao meu redor. 
A essa altura já tinha uma noção das pessoas que viajariam no mesmo ônibus, pois estavam todos reclamando do atraso, exceto uma moça que parecia muito à vontade com seu namorado. "À vontade" talvez não seja bem o termo, o casal sentia-se de fato em casa. Era beijo pra cá, amasso pra lá, aperta aqui, esfrega um pouco, morde ali.... gemidinhos e risinhos não faltavam aos dois. Imaginei que se fossem viajar no mesmo ônibus teríamos cenas tórridas de amor durante a madrugada, e isso me deixou vermelha.

Já era quase 23:00, e o casal estava agora na minha frente. Ela era  loira, cabelo longos e cacheados, alta e não teria mais que 23 anos; ele deveria ter uns 25 anos imaginei. Também muito bonito, alto, moreno, olhos e cabelos negros, os dois combinavam e se amavam muito dada a demonstração física da coisa toda.

Enfim o ônibus chegou. Malas devidamente acomodadas no bagageiro, era a  nossa vez de nos acomodar. Durante  a entrada  no ônibus, o casal continuava a terapia intensiva de engolição mútua. Entrei, com os olhos percorri o número acima de cada poltrona, até encontrar a minha. Poltrona na janela. 
 O ônibus estava lotado o que significava que fatalmente eu teria um vizinho de poltrona. Como seriam quase  24 horas de viagem, rezei para que o vizinho não roncasse e  falasse pouco, ou nada. O que seria perfeito pra mim. 

Olhei pela janela e lá estava o casal, a moça chorando muito e ele a consolava de uma maneira que me comoveu. Pensei que nada no mundo deveria separar as pessoas que se amam. Que triste! Pensei.
A loirinha enfim largou o namorado gato - ele era lindo -  e entrou no ônibus, e  adivinhem onde a criatura sentou??? Era a minha vizinha de poltrona. Ela chorava compulsivamente quando se acomodou ao meu lado. 

Virei meu rosto para a janela e percebi que o ônibus já estava em movimento. Quando entramos na BR notei que havia um carro acompanhando o ônibus, então cutuquei a moça que já havia diminuído o fluxo de lágrimas e perguntei se era o namorado dela. E ERA. Por alguns minutos ele acompanhou o ônibus e aquilo já estava me deixando aflita, a moça fazendo coraçõezinhos no vidro e o carinha no carro lá embaixo mandando beijos (pelo menos ela havia parado de chorar).  Depois de explícita demonstração de amor, o carinha se foi e  ela ainda chorosa, deitou sua poltrona e choramingou a noite toda.

Na manhã seguinte quando paramos para o café, ela estava mais alegrinha... Bem alegrinha posso dizer. Nos apresentamos. Descobri que seu nome era Santinha.
Voltando para nossas poltronas,  não pude deixar de ouvir a conversa de Santinha com o namorado, pelo celular.
Ela falava da saudade, e que já não aguentava ficar longe dele. Pude perceber que ele já estava esperando pela chegada dela naquela noite, o que me levou a concluir e não entender por que ele teria ido  de avião e ela de ônibus.


Durante a outra metade da viagem Santinha se  mostrou muito apaixonada e logo todos no ônibus já sabiam que o namorado de Santinha já estava em Curitiba, pois a quase todo  momento se falavam por telefone.
Eu dormi quase todo o resto da viagem.

Já era quase meia noite quando chegamos em Curitiba. Mesmo antes que o ônibus estacionasse, Santinha já estava em pé procurando pelo namorado que já deveria estar a postos. Eu pensei:  Se ele não estiver aqui vai começar a choradeira.
Santinha em pé no corredor, já demonstrava pelo alvoroço que  a acometeu,  que o namorado a estava esperando. Eu não o tinha visto. Acho que o ônibus todo  procurou por ele.

Descemos enfim... e Santinha toda faceira correu de braços abertos para ... para quem??? Aquele não era seu namorado. Pelo menos não era o mesmo namorado que vimos na rodoviária de onde partimos. E agora estava ela ali...ou melhor, ela e ele, um outro "ele", e a mesma paixão que todos os passageiros testemunharam na noite anterior.
Enquanto aguardávamos o descarregamento das malas Santinha apresentava a mesma terapia intensiva de engolição mútua, com o outro "ele". 

Peguei minha mala, me encaminhei até a plataforma, passei por trás do outro "ele", e olhei para Santinha que rapidamente levou o dedo indicador aos lábios cerrados num gesto de silêncio. 
Santinha agora não chorava, Santinha sorria  sem culpa e com alegria.
O ônibus todo não conseguiu entender nada, o ônibus todo não conseguiu entender que Santinha tinha  muito amor para dar.





26 de outubro de 2013

Poema Amargo

Mastigo palavras engolidas
Engulo palavras mastigadas
Detidas ... demoradas
Dissolvidas no reverso das horas.
 Palavras amargas rasgadas
Aguardando o voo.
Com horas tantas atrasadas 
Com destino rasga a garganta
alvo escolhido
fere, amarga, azeda.
CALA.
Tardiamente Cala.
Finda.

24 de outubro de 2013

Para Esquecer

Vou lembrar de ficar quietinha 
no meu canto,olhando pela janela 
tentando esquecer aquilo que não foi. 
Vou lembrar de observar as nuvens 
passando brancas e macias lá no alto, 
e em cima de cada uma delas, um adeus.
Vou lembrar  de ouvir Chico, 
E ler o que estiver a mão, 
quando um pensamento meu, 
encontrar você,
 vou lembrar de te esquecer.
Vou lembrar de contar estrelas 
quando teu nome pairar na lembrança. 
Mas não devo lembrar de  capturar 
a lua pra te oferecer, 
na verdade a lua é quem me lembra você.
Vou lembrar de fazer de conta 
que "nós dois", não existiu. 
Vou lembrar de dizer baixinho teu nome,
 quando a saudade apertar. 
Vou lembrar de contar carneirinhos  
quando acordar no meio da noite,
e o meu pensamento em você se instalar. 
Vou lembrar de deletar 
seu número do meu celular. 
     Vou procurar um manual 
que me ensine te esquecer meu bem.


11 de outubro de 2013

Dual




Do outro lado da lua,
forma escura
Feio frágil flutua
Do outro lado da lua.

Do lado escuro  flutua
do lado escondido
Feio raro perdura
Do outro lado da lua.

29 de setembro de 2013

O Engano

Tenho uma memória que não causa inveja à ninguém. Talvez fosse mais coerente dizer que minha memória é um fracasso. Meu "HD" tem problemas com armazenamento de imagens.

Não sei como isso funciona em mim, por que algumas imagens ficam gravadas na minha retina, outras parecem que passam por um filtro, que retém a maioria da informações.
Se no momento que eu te conhecer, você estiver em seu local de trabalho usando uniforme, saiba desde já, que se nos encontrarmos em outro lugar e você estiver sem o uniforme, eu não te reconhecerei. Talvez, eu até tenha a sensação de que  teu rosto é familiar, mas não saberei de onde te conheço,  e vou rezar, pedir, desejar  e implorar até,  para que você não fale comigo. 

A cidade era Manaus. Estávamos indo para um almoço em família, estávamos atrasados e todos já estavam nos esperando,  mas eu precisava parar na farmácia que ficava no mesmo trajeto, além disso sou rápida.

No carro estávamos meu irmão, cunhada, meu marido, minha filha e eu. 
Meu irmão parou o carro em frente a farmácia, porém do outro lado da rua, desci atravessei a rua, entrei na farmácia pedi o que queria  (tudo assim bem rapidinho, para não nos atrasarmos ainda  mais). "NÃO TEM -  foi o que me disse a atendente - mas pode ser que na farmácia aqui ao lado a senhora encontre", disse obrigada e saí correndo.  Entrei na farmácia ao lado e quando ouvi "TEM", já estava pagando (eu disse que sou rápida). 
Esperei na calçada até que o fluxo de carros diminuísse, para atravessar a rua  - pois não tinha faixa de pedestres, e com os olhos no carro do meu irmão atravessei a rua  correndo, abri a porta  detrás do carro e entrei,   bati a porta.

Fiquei muito surpresa quando olhei para o lado e não reconheci a pessoa que estava sentada ali, e ela também não me reconheceu, pude perceber pelo grito que saiu de sua garganta assustada. Quase gritei também mas, numa fração de segundo, olhei para a frente e percebi que o carro do meu irmão estava estacionado na frente do carro em que eu estava naquele exato momento. Calmamente abri a porta e saí, quando ía fechar a porta  me ocorreu que deveria explicar o que estava acontecendo, olhei para  dentro do carro e tive a nítida impressão que a moça gritaria novamente, resolvi  então, que seria melhor e mais seguro não dizer uma só palavra.

Fechei a porta e corri para o carro certo, onde todos assistiam de boca aberta, a cena que eu acabava de protagonizar.

Conclusão: Quando sou rápida, não conheço carros.

8 de setembro de 2013

Coisas que Acabam

Desisto agora 
das verdades escondidas
dos silêncios prolongados
e  dos dias intermináveis.

Devolvo-te 
junto com as datas esquecidas
a última frase, o adeus contido
 e os olhares  analgésicos.

Amores sintetizados 
não me interessam
Devolvo-os à quem de direito.

Devolvo-lhes também as dúvidas
os discos, as fotografias.
Não guardo amores incompletos

De amores truncados
não acumulo o peito
Deles, guardo tão somente a poesia.
 

2 de setembro de 2013

Avesso

Quando dei por mim
Ela havia chegado
Uma primavera seca, deserta
Com falsas flores
Incompletos amores
e saudades incertas
Estava lá colorindo
de vazio  toda a tarde
E era tarde, muito tarde
Para dispensar seu amargo
que se espalhava feito polén
carregado pelo vento
Atravessando meu avesso
Meu deserto de dentro.


23 de agosto de 2013

A Mãe e as Chaves

 O que o medo é capaz de fazer? O medo é capaz de nos proteger, isso sem dúvida. Aliás , é um mecanismo automático de proteção. Mas como tudo na vida, deve obedecer a regrinha básica do equilíbrio e sensatez.

Nunca fui uma pessoa extremamente corajosa, mas também nunca fui mulher de fricotes e muito menos de ter  medos descabidos.

Moro em uma casa grande de dois pisos em um condomínio que possui vigia, câmeras de segurança, cerca elétrica... enfim, todo o aparato necessário para dificultar a vida de um eventual "intruso".
Estou habituada ficar sozinha em casa, meu marido viaja muito. Portanto, vira e mexe, lá estamos eu e minha filha sozinhas.

Em uma dessas ocasiões, combinamos que alugaríamos alguns filmes, compraríamos pipoca e muitas besteirinhas, e faríamos da nossa sala de TV,  uma sala de cinema. Assim fizemos.
Traçamos o nosso itinerário: Supermercado, locadora, pizzaria, casa, sala de TV.  
Na locadora surgiu a dúvida: deveria ser uma sessão de filmes de comédia ou terror?  Decidimos pelos dois. Estávamos  aptas para uma verdadeira farra, com direito a muita pipoca e chocolate.

Dez horas da noite já estávamos as duas esparramadas na sala, cada uma com sua bacia de pipoca assistindo um filme de terror/suspense - que não lembro qual era (todos tem o mesmo teor) um maníaco correndo atrás de suas vítimas mais burras que indefesas.

No final do primeiro filme sugeri que o próximo deveria ser uma comédia, mas acabei cedendo aos apelos da minha filha e aceitei outro suspense/terror. Já não estava muito à vontade. Uma chuva forte caía lá fora e eu já estava impressionada com tanto grito, fuga, sangue e besteirol do filme anterior.. Fazer o quê né? Estava mesmo com medo. Fim do segundo filme.

Eu, de posse de toda minha autoridade maternal, informei que a sessão terror havia acabado. Íamos dormir, ou pelo menos EU tentaria dormir. Mandei que minha filha subisse e desse início ao ritual pré cama; eu subiria mais tarde, pois tinha  a missão de  fechar a casa. 
Nesse momento meu medo já havia dimensionado o tamanho do problema que eu enfrentaria.

Molho de chaves na mão, comecei a me certificar que nada  e nem ninguém entraria naquela casa. Tranquei os portões ( 2), depois tranquei a grade que dá acesso a porta principal, a grade que dá acesso pela lateral, a grade dos fundos, porta da sala, porta da cozinha, a  do corredor e a  porta que dá acesso a parte de cima da casa. Estávamos de fato seguras. Seguríssimas. Mas eu, loira e mãe precavida, peguei todas as chaves e as tranquei dentro do meu guarda roupa no meu quarto.
PERFEITO, poderíamos então  dormir em paz.
Fui para o quarto de minha filha, dormiria lá naquela noite juntas e trancadas. TRANQUEI a porta do quarto dela - óbvio -  não faria sentido deixar aberta, me assegurei de dar duas voltas na chave. Enfim, dormimos. Seguras, trancadas e completamente convencidas de que eu havia garantido toda a segurança da casa naquela noite chuvosa.

Eis que na manhã seguinte acordei com meu celular tocando insistentemente, era a cozinheira. Ela estava chamando pelo interfone e eu não tinha ouvido. Ela precisava entrar. Levantei meio cambaleando e abri a porta do quarto (tentei), girei a maçaneta... a porta não abriu; virei a chave na fechadura outra vez.  Nada.  A  porta não abria. Tirei a chave da fechadura  e veio a constatação: a chave havia quebrado dentro da fechadura. Estávamos trancadas, atrás não de uma porta, mas de 9 portas ou melhor 10 portas contando com a porta de chave quebrava. Foi quando minha ficha caiu, as chaves de todas as portas da casa estavam em outro quarto, trancadas dentro de um guarda roupa.

Abri a janela do quarto e de lá pude ver somente as perninhas da cozinheira, lá  longe... atrás de tantos portões e grades, ela mal me  ouvia e não me via.
Gritei desesperada para vizinha, PRECISO DE UM CHAVEIRO, e aos berros  narrei rapidamente que eu não poderia sair e que ninguém poderia entrar, explicando o episódio das chaves insisti: "preciso de um chaveiro".  Ela cheia de razão, berra de lá: "Não, você não precisa de um chaveiro. Precisa de um psiquiatra, mas por ora basta um chaveiro." Quase morri de vergonha.

Enfim o chaveiro chegou e constatou que uma das dez portas deveria ser arrombada, pois a maneira que a tranquei impedia que fosse aberta até mesmo pelo chaveiro. Fiquei ali então, tentando ouvir cada porta sendo aberta.
Quando chegaram ao quarto onde eu estava, foi um alívio. Me senti como um donzela sendo resgatada, nesse caso o príncipe não tinha espada e cavalo branco, mas uma ferramenta mágica, que abria portas (chaves de fenda  e pés de cabra).

Hoje, além de loira e mãe precavida, sou uma mulher que tem na bolsa cópia de todas as chaves da casa. 


22 de agosto de 2013

21 de agosto de 2013

Meio Termo

"Meios termos" podem ser coisas mornas, em cima do muro
"Meios-termos" podem ser sinal de razão, equilíbrio,
Cabe a cada um, entender e aplicar o tal "meio termo" onde couber.
Por que nada pior que exageros e mediocridades.

MEIO TERMO, use-o adequadamente.

11 de agosto de 2013

Por aí


Caminhei por aí, sem rumo
desprendendo minhas amarras
Abrindo as comportas da alma
derramando-me  por onde passava.
Andei por aí, gravando na retina rostos
de Josés e Marias, que por acaso conheci,
E na  esperança de nunca esquecer,
me demorei mais em alguns olhares.
Fui por aí, esperando chegar.
Procurando encontrar...
Buscando o quê amar, um amor do meu número
Uma saudade do meu tamanho.
Qualquer coisa que ocupasse um vazio
Andei por aí, do norte ao Aichi,
conhecendo manhãs cinzentas mas,
que anunciavam lindas tardes vermelhas.
Por aí... fui descobrir lugares  desenhados,
e céus coloridos que pareciam festa de criança.
Andei por aí... desfolhando calendários,
atravessando janeiros e quando sonhava,
 era dezembro outra vez.
Descobri então, que o tempo
não faz pausas nem abre concessões.
Por isso fui colocando pra dentro do peito,
um pedacinho de cada mundo que conheci.
Pedacinhos de luas, retalhos de céus, brilho de estrelas
o calor do sol, o branco da neve, alguns sorrisos recebidos,
carinhos, restos de algumas dores,
várias e necessárias decepções,
e todo, mas todo o amor que acumulei.
Agora, sei o que fui buscar por aí,
Fui me buscar, me descobrir, me reinventar.
Fui fazer quem sou.



Quem sou eu

Gosto de escrever. Escrever para mim é uma necessidade, uma cura. Escrever é um ato de extrema entrega, é de dentro pra fora. Escrevo por urgência, escrevo por amor e com amor. Sou imediatista, intensa, e sonhadora! Defeitos? Tenho muitos, incontáveis talvez; melhor nem dizê-los.; Tenho uma alma sonhadora. Sonho, e como sonho...

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